quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Literatura e cultura moçambicana

 


Este romance de Paulina Chiziane apresenta-se como um mosaico colorido e de formas diferenciadas, à semelhança dos diferentes grupos étnicos de Moçambique.

Centrando-se no tema da poligamia, a autora vai revelando as nuances culturais da sua terra e fá-lo com graça, coerência e sem preconceitos, incorporando cada uma das mulheres a que dá voz.  

A figura que se evidencia é a protagonista da história, a esposa legítima do “polígamo”, Rami, que se lança no encalce das suas adversárias: Saly, Mauá, Ju, Lu …, mulheres do norte e do sul, mais livres ou mais submissas, que nos são reveladas com desassombro e curiosidade.

 O desenrolar da trama tem um propósito muito claro, mas que se vai desenhando de forma pouco linear, com avanços e recuos, que constituem patamares de reflexão e questionamento sobre o sentido da preservação dos costumes/tradição que representam uma clara violação dos direitos humanos, no geral, e dos direitos da mulher, em particular.

O olhar da autora reflete a fusão  entre a cultura do seu contexto original e a vivência política e cultural a que esteve sujeita. (F.P.)

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