Dando continuidade ao projeto iniciado no dia 10, realizou-se o 2º encontro dinamizado pelo professor de Filosofia, Luís Ladeira e que contou com a presença de duas turmas de 11º ano e alguns alunos do 12º ano, para além dos professores a lecionar as turmas nesse horário, as professoras responsáveis pela iniciativa e outros docentes e funcionários que participaram na "Conversa", à semelhança do que se passou na 1ª sessão. O tema era aliciante e suscitou alguma inquietação nos alunos que, esperando respostas, saíram com dúvidas acrescidas ou a consciência da complexidade desta questão, do que nos dá conta o texto síntese do orador:
Deus, o que é isso? Ou deus, o universo e eu
O
universo é um absoluto. Isto é, o universo não pode ter nem começo nem
acabamento, nem pode ser limitado.
Um tal
ser é um absoluto. Mas não vale a pena remeter esse absoluto para fora do
universo, por dois motivos:
1- Esse absoluto exterior
(transcendental) ao universo é tão incompreensível como um universo absoluto
(pois, em qualquer dos casos, nós não temos (ou ainda não temos) categorias de
pensamento que apreendam o significado de absoluto)
2- Um universo não absoluto é não
apenas incompreensível como é também um absurdo.
É
absurdo falar de um universo que nasce, se expande e se retrai num dado espaço
e através do tempo (se espaço e tempo pré-existissem então já existiria
universo), tal como é incompreensível pensar num universo limitado (o que quer
que o limitasse também seria universo).
Donde,
se não tem sentido falar de uma realidade transcendente ao universo, de um puro
espírito eventualmente criador do universo, é porque o universo não é apenas
astrofísico e as suas vertentes limitadas e temporais são apenas formas de um
estado do universo, mas não o esgotam. Os teístas, os que querem remeter para
uma ser transcendental a razão de ser do universo, acabam por reduzir este a
uma realidade apenas física, separando matéria e espírito. Os que contestam o
teísmo, ateus ou ateístas, por sua vez, laboram no mesmo pressuposto de
separação da matéria e espírito, ajuntando porém boas razões para duvidarmos da
existência dum puro espírito criador da matéria. Mas apenas o agnosticismo,
rejeitando o deus transcendente, acrescenta a dimensão de absoluto ao universo,
pois que o suspeita com dimensões que ultrapassam a finitude da matéria, tal
como a nossa experiência quotidiana no-la apresenta. O agnóstico rejeita a
transcendência, mas «descobre» o absoluto imanente. E nesse absoluto se
reconhece a si mesmo como ser do universo que é.
Luís
Ladeira
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