O projeto "E o céu aqui tão perto:diálogo entre Ciência e Literatura" teve no dia 18 de outubro o seu primeiro momento de encontro das duas turmas envolvidas (10º2 e 10º 6) e respetivos professores, introduzido pelas palavras de Rui Bastos, um ex-aluno da ESBF, convicto colaborador do LCV e amante de muitas e variadas leituras mas com particular inclinação para o género "ficção científica". Depois do "seminário", alunos e professores conviveram e saborearam um "lanche temático" .
«As diferenças entre a
Ciência e a Literatura dificilmente podiam ser maiores. Se por um lado as
Ciências exigem rigor, objectividade e o seguimento de regras exactas, as
Letras são muito mais liberais, subjectivas e com uma certa tendência para o
desprezo pelas regras. E no entanto são duas áreas que não só se misturam
frequentemente, como o fazem facilmente, devido a uma série de pontos comuns
que as ligam apesar das diferenças. (...)
Pessoalmente acho que
é algo complicado de explicar, mas a Astronomia, para mim, é um exemplo
perfeito da união e da complementaridade de ambas as áreas. Ainda para mais
quando essa sintonia resulta num género literário como a Ficção Científica, do
qual sou um aficionado e que já me providenciou das melhores leituras da minha
vida. Livros como 2001 – Odisseia no
Espaço, de Arthur C. Clarke, são para lá de geniais… Este em particular é
uma verdadeira obra-prima da literatura, com algumas das melhores descrições do
espaço que eu já li. A forma como o autor nos faz viajar por entre as estrelas,
como se estivéssemos de facto a espreitar pela janela de uma nave espacial é
divinal. E o livro tem um rigor científico fora do comum para uma obra de
ficção.
Já para não falar de Júlio Verne e
dos seus livros Da Terra à Lua e À Roda da Lua, com uma Ciência
minimamente plausível e descrições espaciais, nomeadamente lunares,
simplesmente fascinantes e perfeitas. E a quantidade de livros sobre os quais
ainda podia falar torna ridícula a ideia de que a beleza não existe na Ciência,
ou de que a Literatura é incapaz de captar a sua essência. Porque ambas as
áreas não passam de duas faces da mesma moeda, ou de duas abordagens diferentes
para fazer exactamente a mesma coisa: perceber o Mundo que nos rodeia.
Isto leva a que da mesma forma que
posso dizer que há poucas coisas tão diferentes como a Literatura e a Ciência,
posso também afirmar sem qualquer peso na consciência, que é ainda mais
complicado encontrar duas coisas que sejam, ainda assim, tão semelhantes.
Rui Bastos
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