terça-feira, 27 de maio de 2008

O Memorial do Convento: uma leitura de Miguel Real

A BE/CRE convidou o escritor Miguel Real para partilhar a sua experiência de criador de romances históricos, textos dramáticos e ensaios, com destaque para os trabalhos sobre o Memorial do Convento, visando a leitura e interpretação desta obra no espaço escolar e a adaptação para teatro, que foi realizada em conjunto com Filomena Oliveira.
A sessão decorre no próximo dia 30 de Maio, às 15.30 h e envolve a participação de professores e alunos, em particular as turmas do 12º. 1 e 12º. 2 .

O escritor do mês de Maio : Manuel Alegre

Amor de fixação

Há um caminho marítimo no meu gostar de ti.
Há um porto por achar no verbo amar
há um demandar um longe que é aqui.
E o meu gostar de ti é este mar.
Há um Duarte Pacheco em eu gostar
de ti. Há um saber pela experiência
o que em muitos é só um efabular.
Que de naugrágios é feita esta ciência

que é eu gostar de ti como um buscar
as índias que afinal eram aqui.
Ai terras de Aquém-Mar (a-quem-amar)
naus a voltar no meu gostar de ti:
levai-me ao velho pinho do meu lar
eu o vi longe e nele me perdi.

Manuel Alegre

Nasceu a 12 de Maio de 1936 em Águeda. Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um activo dirigente estudantil e apoiou a candidatura do general Humberto Delgado.
Mobilizado para Angola em 1962, organiza aí uma primeira tentativa de revolta militar contra o regime e a guerra colonial, que o conduz à prisão, pela PIDE, durante 6 meses, em Luanda.
Nos 10 anos que esteve exilado em Argel, trabalhou como locutor da emissora de resistência "A Voz da Liberdade", regressando a Portugal depois do 25 de Abril de 1974.
Desde então tem participado activamente na vida política, exercendo vários cargos e mantendo-se associado ao partido socialista.É considerado o poeta português mais musicado.

O autor fala de si:

(...) Acusam-me de altivez e narcisismo. É sobretudo reserva, timidez e uma incapacidade física de praticar uma certa forma portuguesa de hipocrisia e compadrio. Ou talvez um tique que herdei de família: levantar a cabeça, olhar a direito. Tenho desde pequeno a obsessão da morte. Não o medo, mas a consciência aguda e permanente, sentida e vivida com todo o meu ser, de que tudo é transitório e efémero e não há outra eternidade senão a do momento que passa. Talvez por isso seja um homem de paixões. (...)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dia da Europa: 9 de Maio


Pedimos a alguns alunos que "representassem" a sua ideia de Europa.
Dos trabalhos entregues destacámos este poema:

A Europa a crescer.
E nós a viver.
Países a renascer
E nós a conviver.
Gosto de te ver crescer
Porque feliz sempre vamos ser.
Alunos números 11, 20, 23, 24 do 7º. 2

Poesia de Laboratório...

(...)
Mas para quê preocupar-me?
Afinal, nem o sol se preocupa.
Só me aquece,
E que bem o faz!
Fenece, mas assim é a realidade mordaz.
(...)
Mas, onde vai agora a nuvem?
Onde?
O simples vidro só me mostra o Sol belo,
Radiante, qual guerreiro triunfante,
Numa batalha que nem eu próprio me recordo.
Já ninguém está comigo.
Cessou a epifania,
E o sol não me entende.
João, 12º.2

Quando a poesia é tema...

Ser poeta
A poesia é uma excelente forma de podermos exprimir os nossos sentimentos de uma forma mais artística e pacífica, sem sermos julgados. Será que eu sou uma poetisa? Não sei, é possível, talvez um dia me dedique a isso, mas por agora fico-me apenas por pequenos poemas saídos de uma inspiração repentina e curta.
Às vezes penso como é que os poetas conseguem escrever, mas também, como conseguem inspiração para mais. Depois, há sempre os poetas que nascem com um dom, um dom maravilhoso de exprimirem o que nos vai na alma e no coração. Porque apenas um verso, apenas uma estrofe e, dizem tudo o que nós queremos dizer e que não conseguimos, isto é, eles têm o dom da palavra, nós somente temos o dom do silêncio.
Por vezes para dizermos qualquer coisa, um discurso já pensado e repensado, custa muito ou até mesmo quando chega o momento, o silêncio invade-nos e continua o sofrimento daquelas palavras presentes no nosso coração.
Que tudo isto que escrevi não seja em vão e, sobretudo para que não me esqueça da razão do meu viver, mesmo que não me torne uma poetiza, será tudo diferente, de hoje em diante, por isso as facadas nas costas, por muito fundas que estejam, vou retirá-las, a mágoa continua por dentro, mas eu… eu vou deixar de sofrer por coisas que não interessam e preocupar-me com os verdadeiros problemas.
Simplesmente, gostava de ser poetiza para me refugiar nas palavras, como se elas fossem o meu escudo.
Ana, nº4, 10º1

Não sei o que a poesia é. Não sei de onde veio nem para onde irá. É possível que tenha vindo da alma de alguém que um dia se dedicou a exprimir o que sentia.
Não sei porque a lêem ou porque gostam dela. Eu gosto. Talvez por dizer coisas que as pessoas simplesmente não dizem. Tudo fica mais fácil quando é escrito e não dito.
Às vezes penso sobre isso; A poesia é, talvez, o meio de escrita mais utilizado e mais reconhecido por expor sentimentos, fazer confidências ou apenas sonhar. Houve sempre a necessidade de o fazer e sempre haverá.
Nem todos a sabem fazer ou reconhecê-la. Apenas os mais dotados, os mais atentos, o conseguem. É isto que alguns usam como desculpa para que não tenham de a ler, entender ou fazer.
Que tudo isto não seja entendido como palavras sábias ou importantes para descreverem a poesia. Não o são, não só por eu não ter formação mas, sobretudo, por não ser uma das pessoas que a sabe fazer. Mesmo que tente, não consigo. E só quem a faz a sabe descrever.
Será tudo isto verdade? Talvez, porque apesar de não a fazer, eu leio-a e tudo sobre o que lemos, temos opinião. E, por isso, a minha opinião não deverá ser completamente desprezada.
Para concluir, a poesia é aquilo que é escrito, são os sentimentos de alguém, um sonho perdido, mas, essencialmente, é aquilo que é sentido pelo coração de outrem quando a lê.
Soraia, 10º1ª
Não sei qual a definição de poesia
Talvez seja dizer tudo sem dizer nada,
Directamente ou subjectivamente,
Sobre o amor e sobre o ódio,
Sobre o contentamento e sobre a mágoa.
É possivel e impossivel,
Simples e complexo.
É viver por um amor,
É morrer por uma dor.
É um dia e uma noite,
É um despertar e um adormecer.
É fazer do imaginário o real,
É fazer de palavras soltas um sentimento crucial.
Cada verso é uma incógnita,
Cada palavra uma emoção,
Cada sílaba um conjunto de inconstâncias,
Cada letra uma contradição.
Com um escrever de supremacia
É emoção com magia
Num papel encantado.
É esta a definição de poesia.

Ana, nº 2 10º 1
Raquel, nº 16 10º 1

domingo, 18 de maio de 2008

Lembrar Zélia Gattai

Zélia Gattai dedicou grande parte da sua vida à partilha das causas em que se envolveu o seu companheiro, o escritor Jorge Amado, ao mesmo tempo que coleccionava memórias coloridas que um dia resolveu organizar e publicar sob a forma de livro: Anarquistas, graças a Deus é uma obra de grande riqueza e calor humanos, que facilmente nos transporta para uma realidade que é parte do património cultural e histórico do Brasil, transmitida com um estilo simples e sedutor, pela descrição envolvente e pormenorizada dos espaços e personagens.
No Prefácio que escreveu, em 1979, Jorge Amado afirma:
«Livros como este, em depoimento, uma memória reconstruída, são raros no Brasil (...) Livros importantes para a compreensão do crescimento do País e de sua originalidade cultural. (...)
A vida explode e se afirma em cada página de Anarquistas, graças a Deus. Quem o escreveu (...) é uma valente, doce, sensível e vivida brasileira(...) e que jamais deixou de ser a filha de imigrantes italianos, de trabalhadores, conservando em seu puro coração a flama daquele sonho que cruzou o oceano,a fibra das mulheres (...) e dos homens (...) que plantavam em terras do Brasil uma semente de esperança.(...)»

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Registos poéticos

Noite branca
Noite branca
Noite escura
Mostra-me a tua bravura.
Alegria imensa
Música a tocar
O Pessoal animado
Todos a dançar
Vibra o coração
Entusiasmo a aumentar
Muita transpiração
Coração a saltitar
Cores imensas
Luz ofuscante
Céu brilhante
Lua saltitante
No seu luar
E toda a gente com a mão no ar
A saltar e a cantar…

nº14, 7º6

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Rima ou não rima

Poema da Consoante
No banho
Beatriz
Brinca
Com bolas
Com bóias
Com barcos
Que boião
Que balançam
Com borrachas
Que borram
Que baralham
Com balões
Baratos e bicudos
E com baratas baralhadas.
nº. 1, 7º6

Poema da Consoante

No pátio passeia-se
Plantam-se papoilas,
Pêssegos, peras,
Pássaros, passarinhos, passeiam nos are
Por Portugal, Palestina, Polónia
Paris, prata preciosa, PÁRA!
Pára de sussurra
Para pintar a porta
Que vai dar ao pensamento.
Joana , 7º6


O Violinista

O violinista toca
Uma bela melodia
Na noite escura e fria.
Por vezes toca com alegria
Por vezes com tristeza
Por vezes á lua cheia.

No céu azul ele inspira-se
No céu azul ele transpira
Transpira conhecimento e alegria.

Por vezes está farto...
Farto de inventar
Farto de tocar
Farto de não lhe darem o devido valor.
nº22, 7º6

Palavra pega palavra

Ontem comprei um chapéu
Chapéu para pôr na cabeça
Cabeça que hoje me dói
Dói com muita força
Força que me arrasta
Arrasta até ao sofá
Sofá que me aconchega
Será?
Joana , 7º6

A corrente descontente

Estava na caverna
Com a minha lanterna
Até que ouvi um canto
Que era um encanto.
Comecei a cantar, pintar e a desejar
Sair ali e nunca mais voltar.
Estava triste e a suspirar,
Com medo de cair
E não me conseguir levantar.
Doía-me a perna,
Naquela caverna escura e sombria,
Que só me arrepia!

Joana , 7º6

A Corrente Descontente

Estava a ouvir um canto
Dentro de uma caverna
Aquilo era um encanto
Mas parti uma perna.
Tive um mal-estar
E queria desejar
Que nada pudesse acontecer,
Então tive de suspirar
E tive de correr.
Pois era o que tinha de fazer,
Estava-se mesmo a ver!
Nº23 7º6

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Frases Termómetro

I - A poesia é como o meu casaco “double-face”: Do lado azul para os dias alegres, do lado castanho para os tristes. Mas agasalha dos dois lados.
Comentário:

– A poesia tem dois lados, o lado alegre e o triste mas pode sempre ajudar nas melhores e nas piores alturas.
- A poesia tem duas faces muito diferentes mas acolhe-as às duas.
- A poesia tanto pode ser um sentimento triste ou alegre. (7º. 5)
- A poesia pode ser escrita várias maneiras e feita pelo mesmo poeta.
- Os poemas estão escritos por vezes conforme a disposição do autor, mas satisfaz todo o tipo de leitor. (7º. 6)

II - Ganho brilho com as palavras.
Comentário:
– Aprendo com as palavras.
- Fico melhor com as palavras.
- As palavras dão-me alegria. (7º. 5)

III - As palavras são as minhas mascotes.
Comentário:
– As palavras acompanham-me e ajudam quando preciso.
- As palavras ajudam-me em vários momentos.
- As palavras estão sempre connosco. (7º. 5)

- Algumas palavras representam os nossos sentimentos entre outras coisas.
- As palavras são a minha companhia e a minha inspiração e a minha sorte.
- As palavras são a minha vida.
- Tenho-as sempre comigo. (7º. 6)

IV - Lá no alto, no céu, o paraíso não será uma imensa biblioteca?
Comentário:
–Será que no céu não haverá muita informação para passar às pessoas.(7º. 5)

V - Eu prometo coisas às palavras e elas prometem-me a mim.
Comentário:
– As palavras ajudam-me a mim e eu ajudo-as a elas, atrás de uma palavra vêm muitas mais e isso pode-se reflectir na minha vida.
- As palavras são promessas que fazemos e que as palavras fazem a nós.
- Nós fazemos coisas às palavras e elas dão-nos as respostas. (7º. 5)

- Quer dizer que eu escrevo palavras e elas falam sobre mim e sobre o que sinto.
- Eu prometo inspiração, elas prometem felicidade. (7º. 6)

VI - Uma criança não é um vaso que se enche de conhecimentos, mas um fogo que se alumina.
Comentário:
– Uma criança não nasce ensinada mas pode com o tempo aprender muito.
- As crianças não se enchem de conhecimentos mas sim de ideias.
-Uma criança é uma alegria que se enche de ideias. (7º. 5)

VII - Se tens pó de estrelas na cabeça, tens a alma em confusão.
Comentário:
– Se somos inteligentes temos de abdicar por vezes daquilo que nos faz mais felizes para um dia não vir a sofrer.
- Se tens muitas coisas na tua cabeça tens a alma em confusão. (7º. 5)

- Se tens porcaria na cabeça, na alma também tens.
- Se tens a cabeça baralhada e desfeita a alma também está confusa. (7º. 6)

Trabalho realizado por alunos das turmas 7º. 5 e 7º.6 da ESBF

terça-feira, 6 de maio de 2008

O traçado da escrita em Vergílio Ferreira




Integrada no Dia Mundial do Livro, a sessão O traçado da escrita em Vergílio Ferreira, realizada por Ana Isabel Turíbio, professora desta escola e membro da Equipa Vergílio Ferreira, com a colaboração da coordenadora da BE/CRE, professora Fátima Pinto, teve como objectivo apresentar e divulgar a “oficina” do escritor: da incubação ao livro, através de um PowerPoint que contou com a intervenção técnica do professor José Carvalho, elemento da equipa de coordenação da BE.
A incursão pelos papéis do espólio permitiu mostrar rituais de escrita, variedade de papel e de tinta, tipos de apontamentos (planos, personagens, espaços, entre outros), onde o verbal e o iconográfico (desenho, fotografia) se conjugam na rapidez das anotações, tentativas de redacção do romance até à versão definitiva. Foi ainda visível a intervenção da Censura no romance Manhã submersa...
Terminámos a sessão com a partilha da frase vergiliana Da minha língua vê-se o mar” e com uma sopa de letras com os títulos das obras do autor.

2008 - Ano Internacional das Línguas

O livro é um meio de expressão que vive pela língua e na língua

Os alunos registaram em diferentes idiomas as suas opiniões sobre a leitura e os livros.

A Leitura é ...

... uma fonte de conhecimento e uma porta para a imaginação e fantasia. ( 7º. 1)

...uma forma divertida de aprender e ter mais conhecimento... porque podemos penetrar na história e vivê-la de forma alegre.(7º. 5)

... uma aprendizagem,...que me faz esquecer os meus problemas, que me faz ficar feliz nos dias tristes e que me dá novas ideias para o futuro. ( 7º. 4)

... um mar de histórias que nos fazem libertar o nosso lado fértil. É uma descoberta muito importante. (7º.3)

… uma forma de relaxar, ganhar outros pontos de vista e interpretar novos mundos. (8.º 3)

... uma viagem no tempo e no espaço... é como se estivéssemos a viver os acontecimentos narrados no livro. (8º. 5)

... entrarmos num mundo paralelo ao nosso, viajar na nossa imaginação ... é acima de tudo um mundo mágico, muito diferente. (9º. 1)

Lire c’est ...

... ni compliquer le difficile ni occuper le temps par des choses inutiles… est découvrir de nouveaux mondes, apprendre de nouvelles cultures, rêver avec l’íréel et m’ imaginer dans un nouveaux monde, fantastique, plein d’ illusion . (10º. 5)

... apprendre de nouvelles choses, faire de nouvelles découvertes, connaître les nouvelles du monde.
… rêver imaginer, voyager, vivre… Pour lire il faut penser, méditer et vivre
. (10º. 5)

… très important et très cool parce que j’adore lire ! (9º. 5)

… fantastique et beau comme les Champs-Elysées ! (9º. 5)

difficile et compliqué mais c’est très important. (9º.5)

… un monde merveilleux et magique. Il rend les enfants et les adultes heureux ! (9º. 5)

Reading is…

… gaining knowledge… traveling to incredible, unique and extraordinary worlds… having fun… learning new and interesting stuff. (9º. 4)

A book is…

… my secret feelings… an escape from my bad days and feelings… to live someone else’s life.

… a portal to a different world.

A book teaches us to be better human beings.
(9º. 4)