Em “Anatomia dos Mártires” João Tordo reflete sobre a importância das ideologias e da dimensão política na vida das pessoas, em geral, e da sua em particular. É a vida do autor que palpita por detrás da personagem por ele criada para articular a ligação entre os dois mártires a que se refere este romance, pese embora o facto de o principal enfoque ser colocado numa figura feminina que alcançou, na história portuguesa recente, um lugar de destaque: Catarina Eufémia. As suas dúvidas e inquietações perpassam por toda a trama desta história que é também reveladora de uma incessante busca do amor e da verdade - duas razões que dão sentido á vida – e do significado da manipulação da memória e da sua guarda, como testemunho único da existência humana.
Nas palavras do autor “… é um romance sobre as nossas vidas, nós que, tal como ela [Catarina]… fomos apoderados pelo tempo e pelo dinheiro e pelo amor e pela própria morte,(…) nós que carregamos as bandeiras de todas os partidos e de todas as religiões e de todas as ideologias (…) decidimos desafiar a realidade na sua frieza, na sua indiferença e na sua crueldade caímos num rol de equívocos cujos fios invisíveis e emaranhados só conseguiremos destrinçar quando alguém escrever a nossa história: é essa a minha missão…”
Sem comentários:
Enviar um comentário