Machado de Assis é o mais signitificativo autor do Realismo brasileiro no campo da Literatura e esta obra é exemplar da mestria de análise e descrição de pessoas e ambientes. O escritor alia à vivacidade do olhar sobre a sociedade uma sensibilidade na abordagem dos sentimentos e do caráter das personagens que se cruzam neste romance. Dom Casmurro está escrito num estilo de narrativa pseudo-autobiográfica, utilizando a técnica do flash-back para envolver os leitores no desenrolar da história em torno de um tema que não é estranho à Literatura oitocentista: o amor apaixonado toldado pela suspeita do adultério e o questionar da paternidade que, de fortemente desejada, acaba sendo rejeitada pelo protagonista do romance.
A ironia e a utilização de recursos linguísticos apropriados enriquecem o sentido da narrativa com uma profundidade de análise que é intemporal, conferindo-lhe um delicioso travo a mistério que apetece prolongar.
"O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. (...) Se só me faltassem os outros, vá um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo e esta lacuna é tudo."(II, 15-16)
""A alma da gente,, como sabes, é uma casa assim disposta,não raro com janelas para todos os lados muita luz e ar puro. Também as há fechadas e escuras, sem janelas, ou com poucas e gradeadas, à semelhança de conventos e prisões. Outrossim capelas e bazares, simplres alpendres ou paços suntuosos. (LVI,134)
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