Em tempo de comemoração do centenário da República, têm-se multiplicado as publicações de obras enquadradas no tema, mas esta tem para nós um significado particular, porque se trata de um trabalho da autoria de um professor da ESBF, que se orgulha de o ser, quando invoca a sua ligação à escola, num momento em que as atenções estavam focalizadas noutras vertentes do seu trabalho, situadas para além da sua intervenção na ESBF, onde se destaca o papel que tem tido como divulgador do patrono, uma personalidade que não tem merecido grande atenção por parte dos estudiosos da Primeira República.
A sala do arquivo da Câmara Municipal de Lisboa foi o espaço que acolheu o lançamento de mais este livro do Professor Jorge Martins, prefaciado por Miguel Real, escritor de múltiplas obras de cariz filosófico - a sua área de especialização - e romances históricos - o seu domínio de eleição. A apresentação foi particularmente enriquecida com as leituras do actor Jorge Sequerra, que teve a capacidade de se metamorfosear em personagens diversas, envolvendo a assistência com a força da sua dramatização.Sobre a obra evidenciamos algumas palavras escritas pelo autor do prefácio, justificativas da sua afirmação, na abertura do livro, de que esta publicação "constitui um verdadeiro acontecimento editorial", pois desde 1895 que "não se editava no nosso país uma história geral da comunidade judaica" :
"... Jorge Martins opera, assim, uma leitura cultural ou culturalista do judaísmo em Portugal (...) evidenciando, deste modo, que a diabolização dos judeus no nosso país constituiu (constitui ainda?) um mal histórico e cicvilizacional que, cometido por interesses de Estado, expresso de variadas formas e sob máscaras culturais e políticas diferentes, gerou uma cultura de teor culpabilizante (...) trauma psico-social, de que, diria Eduardo Lourenço, ainda não nos libertámos, aliás, tão mais potente quanto aparentemente mais invisível. (...) . Considera Miguel Real que o trabalho de Jorge Martins tem contribuído notavelmente "... para um esforço de purificaçãocolectiva da nossa memória cultural (...)".
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