A propósito da 2ª. experiência de escrita conjunta de um texto para levar ao palco, Câmara Clara acolhe os dois nomes mais representativos da literatura africana de expressão portuguesa, naturais de Angola e Moçambique, respectivamente.
José Eduardo Agualusa e Mia Couto falam da sua experiência de trabalho partilhado, salientando a riqueza do seu resultado e a aprendizagem sempre muito valiosa. No entanto, divergem em absoluto quando o assunto é a forma de lidar com os fantasmas da colonização: para o primeiro, a palavra é um meio de exorcisar esses fantasmas e a exuberância expressiva dos angolanos é uma espécie de catarse, com vista ao esquecimento; enquanto o segundo se identifica com o silêncio dos seus conterrâneos moçambicanos.
Falar ou silenciar? Recordar ou Esquecer? Duas atitudes face ao mesmo problema diferenciam os povos de Angola e Moçambique , de que estes dois escritores são lídimos representantes.
Neste programa do "Câmara Clara" destacou-se a recente publicação do livro de memórias da autoria de Isabela Figueiredo, que nos transmite uma perspectiva de quem viveu a infância num contexto de opressão colonial, legitimada pela orientação política do regime, e teve depois de abandonar a sua terra natal, para escapar à violência imposta pelos "novos senhores" na fase da descolonização.
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