1855: A 23 de Fevereiro, nasce José Joaquim CESÁRIO VERDE, em Lisboa.
1857: Peste em Lisboa; a família refugia-se na sua quinta de Linda-a-Pastora.
1865: A família muda-se para Lisboa. Cesário conclui a instrução primária e começa a estudar inglês e francês.
1872: Cesário começa a trabalhar na loja de ferragens do pai, na Rua dos Fanqueiros.
1873: Matricula-se no Curso Superior de Letras, onde se torna grande amigo do escritor Silva Pinto. Publica os seus primeiros poemas no Diário de Notícias.
1874: Publica mais poemas no Diário de Notícias, Diário da Tarde e A Tribuna. Ramalho Ortigão crava-lhe uma Farpa a propósito do poema “Esplêndida”. Boémia revolucionária no “Martinho”.
1876: Desenvolve negócios. Convive com Guerra Junqueiro, Gomes Leal e João de Deus.
1880: Publica “O Sentimento dum Ocidental” no Jornal de Viagens, dedicado ao tricentenário de Camões.
1881: Cesário participa no “Grupo do Leão” e convive com Abel Botelho, Alberto de Oliveira, Fialho de Almeida, Gualdino Gomes e com os pintores José Malhoa, Silva Porto, Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro.
1884: Publica “Nós”. Deixa de frequentar os meios literários.
1886: Extremamente doente, instala-se em Caneças. Vai depois para casa de um amigo, no Lumiar, onde vem a morrer a 19 de Julho.
1887: Silva Pinto edita O Livro de Cesário Verde.
1857: Peste em Lisboa; a família refugia-se na sua quinta de Linda-a-Pastora.
1865: A família muda-se para Lisboa. Cesário conclui a instrução primária e começa a estudar inglês e francês.
1872: Cesário começa a trabalhar na loja de ferragens do pai, na Rua dos Fanqueiros.
1873: Matricula-se no Curso Superior de Letras, onde se torna grande amigo do escritor Silva Pinto. Publica os seus primeiros poemas no Diário de Notícias.
1874: Publica mais poemas no Diário de Notícias, Diário da Tarde e A Tribuna. Ramalho Ortigão crava-lhe uma Farpa a propósito do poema “Esplêndida”. Boémia revolucionária no “Martinho”.
1876: Desenvolve negócios. Convive com Guerra Junqueiro, Gomes Leal e João de Deus.
1880: Publica “O Sentimento dum Ocidental” no Jornal de Viagens, dedicado ao tricentenário de Camões.
1881: Cesário participa no “Grupo do Leão” e convive com Abel Botelho, Alberto de Oliveira, Fialho de Almeida, Gualdino Gomes e com os pintores José Malhoa, Silva Porto, Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro.
1884: Publica “Nós”. Deixa de frequentar os meios literários.
1886: Extremamente doente, instala-se em Caneças. Vai depois para casa de um amigo, no Lumiar, onde vem a morrer a 19 de Julho.
1887: Silva Pinto edita O Livro de Cesário Verde.
Nós
I
Foi quando em dois verões, seguidamente, a Febre
E a Cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade.
Ora, meu pai, depois das nossas vidas salvas
(Até então nós só tivéramos sarampo).
Tanto nos viu crescer entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo!
Se acaso o conta, ainda a fronte se lhe enruga:
O que se ouvia sempre era o dobrar dos sinos;
Mesmo no nosso prédio, os outros inquilinos
Morreram todos. Nós salvámo-nos na fuga.
Na parte mercantil, foco da epidemia,
Um pânico! Nem um navio entrava a barra,
A alfândega parou, nenhuma loja abria,
E os turbulentos cais cessaram a algazarra.
Pela manhã, em vez dos trens dos baptizados,
Rodavam sem cessar as seges dos enterros.
Que triste a sucessão dos armazéns fechados!
Como um domingo inglês na city, que desterros!
Sem canalização, em muitos burgos ermos
Secavam dejecções cobertas de mosqueiros.
E os médicos, ao pé dos padres e coveiros,
Os últimos fiéis, tremiam dos enfermos!
Uma iluminação a azeite de purgueira,
De noite amarelava os prédios macilentos.
Barricas de alcatrão ardiam; de maneira
Que tinham tons de inferno outros armamentos.
Porém, lá fora, à solta, exageradamente
Enquanto acontecia essa calamidade,
Toda a vegetação, pletórica, potente,
Ganhava imenso com a enorme mortandade!
I
Foi quando em dois verões, seguidamente, a Febre
E a Cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade.
Ora, meu pai, depois das nossas vidas salvas
(Até então nós só tivéramos sarampo).
Tanto nos viu crescer entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo!
Se acaso o conta, ainda a fronte se lhe enruga:
O que se ouvia sempre era o dobrar dos sinos;
Mesmo no nosso prédio, os outros inquilinos
Morreram todos. Nós salvámo-nos na fuga.
Na parte mercantil, foco da epidemia,
Um pânico! Nem um navio entrava a barra,
A alfândega parou, nenhuma loja abria,
E os turbulentos cais cessaram a algazarra.
Pela manhã, em vez dos trens dos baptizados,
Rodavam sem cessar as seges dos enterros.
Que triste a sucessão dos armazéns fechados!
Como um domingo inglês na city, que desterros!
Sem canalização, em muitos burgos ermos
Secavam dejecções cobertas de mosqueiros.
E os médicos, ao pé dos padres e coveiros,
Os últimos fiéis, tremiam dos enfermos!
Uma iluminação a azeite de purgueira,
De noite amarelava os prédios macilentos.
Barricas de alcatrão ardiam; de maneira
Que tinham tons de inferno outros armamentos.
Porém, lá fora, à solta, exageradamente
Enquanto acontecia essa calamidade,
Toda a vegetação, pletórica, potente,
Ganhava imenso com a enorme mortandade!
1 comentário:
Seu blog é muito interessante!
Gosto muito de ler e concordo que a leitura deveria ser utilizada como uma medida para mitigar tantas outras coisas que são crimes.
Obrigada por compartilhar conosco!
www.brunaemimersao.blogspot.com
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