No dia 12 de Dezembro de 2007, no espaço da BE/CRE, alguns alunos do 9º. ano fizeram uma leitura expressiva de poemas de autores lusófonos.
Chamei-lhe amiga
Aquela rapariga de olhar triste...
Olhei-lhe os olhos
e vi que eram como os meus.
Ilhei-lhe as mãos
e vi que eram como as minhas.
Sorriu
e vi que os dentes eram brancos como os meus.
Debrucei-me sobre a sua alma
ansioso
como quem se debruça da amurada de um navio
para ver o mar.
E vi que era imensa
e livre
como o voo das águias.
Chamei-lhe amiga.
O semblante encheu-se-lhe de súbita alegria
e respondeu-me: "amigo!"
Entre nós só havia duas diferenças:
o sexo e a cor da pele.
Vasco Cabral, A Luta é a Minha Primavera (Guiné-Bissau)
Mensagem do Terceiro Mundo
Não tenhas medo de confessar que me sugaste o sangue
e engravataste chagas no meu corpo
e me tiraste o mar do peixe e o sal do mar
e a água pura e a terra boa
e levantaste a cruz contra os meus deuses
e me calaste nas palavras que eu pensava.
(...)
Não tenhas medo, amigo, que te não odeio.
Foi essa a minha história e a tua história.
e eu sobrevivi
para construir estradas e cidades a teu lado
e inventar fábricas e Ciência,
que o mundo não pode ser feito só por ti.
Fernando Sylvan, A Voz Fagueira de Oan Timor (Timor)
1 comentário:
Muito bom trabalho, caras coordenadoras.
Elogio com elogio se paga: já que o blogue do 10º5 tem uma ligação para a vossa página, que tal o blogue Ler Não É Crime incluir uma ligação para o Contrakapa, que se pode encontrar em contrakapa.blogspot.com?
João Pedro Aido
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