Este romance de Paulina Chiziane
apresenta-se como um mosaico colorido e de formas diferenciadas, à semelhança dos
diferentes grupos étnicos de Moçambique.
Centrando-se no tema da poligamia, a autora vai revelando as nuances culturais da sua terra e fá-lo
com graça, coerência e sem preconceitos, incorporando cada uma das mulheres a que
dá voz.
A figura que se evidencia é a protagonista da história, a
esposa legítima do “polígamo”, Rami, que se lança no encalce das suas
adversárias: Saly, Mauá, Ju, Lu …, mulheres do norte e do sul, mais livres ou
mais submissas, que nos são reveladas com desassombro e curiosidade.
O desenrolar da trama
tem um propósito muito claro, mas que se vai desenhando de forma pouco linear,
com avanços e recuos, que constituem patamares de reflexão e questionamento sobre
o sentido da preservação dos costumes/tradição que representam uma clara
violação dos direitos humanos, no geral, e dos direitos da mulher, em particular.
O olhar da autora reflete a fusão entre a cultura do seu contexto
original e a vivência política e cultural a que esteve sujeita.