sábado, 14 de novembro de 2009

Em Novembro - Contaminação da Ciência pela Literatura

Rómulo de Carvalho foi professor, autor e divulgador científico e literário.
Nasceu em 24 de Novembro de 1906, em Lisboa. Estudou no Liceu Gil Vicente e, mais tarde, na Faculdade de Ciências. Em 1928 mudou-se para o Porto, onde se matriculou no curso de Ciências Físico-Químicas, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que concluiu em 1931. Passados três anos, iniciou a actividade docente no Liceu de Camões (Lisboa), continuando no Liceu D. João III (Coimbra) e, depois, no Liceu Pedro Nunes (Lisboa . A partir de 1946 foi um dos directores da Gazeta de Física, órgão da Sociedade Portuguesa de Física, cargo que exerceu até 1974. A sua produção no domínio da divulgação científica para os jovens foi bastante significativa.

Em 1956 publicou, com o pseudónimo de António Gedeão, o seu primeiro livro de poesia, Movimento Perpétuo (Coimbra), ao qual se seguiram outros livros. Em 1964, para comemorar o 4º Centenário do nascimento de Galileo Galilei, escreveu o "Poema para Galileo", que foi musicado e cantado por Manuel Freire, conhecendo uma grande expansão, tal como a "Pedra Filosofal", ou a "Lágrima de Preta".

(...) Eu queria agradecer-te , Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu, e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!-
-e jurava a pés juntos, e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.(...)

Nas palavras do autor, em entrevista concedida a Ana Maria Magalhães, para Jornal do Gil -Expo 98, antevê-se uma determinada relação com a escrita:

"Nunca estive sentado diante de uma folha de papel à espera de inspiração. As palavras ocorriam-me espontaneamente, muitas vezes a propósito do quotidiano e compunha o poema de cor onde quer que estivesse. Depois, chegava a casa e escrevia.”
Eles não sabem que o sonho é uma constante da vidatão concreta e definida como outra coisa qualquer, como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso,como este ribeiro manso em serenos sobressaltos,…

O percurso de Rómulo de Carvalho/António Gedeão é um exemplo da contaminação entre a Ciência e a Literatura que tem deixado marcas tão significativas e brilhantes no universo da Vida feita Conhecimento.

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