segunda-feira, 7 de julho de 2008

O escritor do mês de Julho



Mia Couto: António Emílio Leite Couto

Nasceu na Beira, Moçambique, em 5 de Julho de 1955.
É um dos escritores moçambicanos mais conhecidos no estrangeiro.
Iniciou-se no jornalismo ao mesmo tempo que frequentava o curso de medicina, do qual desistiu para se dedicar a tempo inteiro ao jornalismo. Foi director da Agência de Informação de Moçambique.
Mais tarde tirou o curso de Biologia.
Estreou-se com um livro de poesia : Raiz de Orvalho, publicado em 1983.
Publicou em livro algumas das suas crónicas, que continuam a ser coluna num dos semanários de Maputo.

Destaca-se pela forma como aborda os problemas e a vida quotidiana do Moçambique contemporâneo e principalmente devido à criatividade da sua escrita. Mia Couto revela-se como uma espécie de mágico da língua: misturando níveis de língua e revelando expressões próprias do povo a quem o autor dá voz, o povo de Moçambique, ao mesmo tempo que questiona o sentido das palavras, devolvendo-lhes a lógica da comunicação.

Seguem-se alguns excertos exemplificativos do empenho deste autor.

"Pinto e vírgula" ,Cronicando, p. 83

« (...) Chuvisco é isco da chuva? Enquanto se espera resposta, vale a pena resguardar a pergunta. O chuvisco, adolescente atrevido, molha tudo sem respeito. Ao tempo que vai lençolando as poeiras, o chuvisco abraça a terra mais terna até lhe requebrar a cintura e a fazer barro e matope. E aqui se dividem os nomes: matope é o lodo do mato, capim é a relva que mora fora do nosso jardim. È bom estar perto dos homens para deles receber os nomes mais valiosos. (...)»

"No zoo-ilógico", Cronicando, p. 125-127

«Zoo, ainda aceito. Mas lógico, porquê? As mais das vezes é mesmo ilógico: os animais com ordem de prisão, detidos sem outra legalidade que não seja a prepotência de nossa espécie. O senhor duvida? Então venha por outros olhos visitar o parque. (...)

O Leitor MAIS

Bem gostaríamos que tivessem sido em maior número os alunos candidatos a Leitor MAIS, entregando as fichas de leitura das obras lidas ao longo do ano lectivo... Mas nem por isso os que o fizeram deixam de merecer o nosso elogio e o nosso agradecimento.
Para o próximo ano lectivo vamos continuar a pedir opiniões e comentários às obras lidas, bem como a indicação de títulos novos para a nossa BE.

Destacamos um dos trabalhos entregues por uma leitora regular e participativa que consideramos desde já uma das AMIGAS da BE/CRE.

31 de Julho de 1944, o general Gavoille confia a Antoine Saint-Exupéry, a que será a sua derradeira missão - o seu último voo. Nesta data desapareceu sem deixar vestígios.
Para testemunhar a sua apetência pela exploração de lugares e de sentimentos, ficou-nos a sua obra-prima: "O Principezinho".

Sobre esta obra uma das nossas fiéis leitoras,a Hava do 9º. 2, escreveu a seguinte opinião:

« esta obra é incrível, pode ser lida tanto por adultos, como crianças e jovens (...) Saint-Exupéry apela à nossa sensibilidade, faz-nos descobrir o lugar mais doce que existe no nosso coração, as recordações da nossa infância, lembra-nosa criança que outrora fomos e isso é deveras importante. Este autor farto de viver a Humanidade em decadência escreveu esta obra para a adoçar e iluminar os corações mais tristes!»

Comentários “muito adequados” e uma avaliação “muito certeira” do essencial da obra é a apreciação da prof. Lurdes C. que salienta também como um aspecto interessante o facto de “mesmo os sentimentos precisarem de ser trabalhados”.